13/09/2007

O caso "Scolari"

Luiz Felipe Scolari errou. Como seria de esperar, a nação, de Norte a Sul do país, pede a "cabeça" do treinador.

As opções de Scolari nunca foram muito consentâneas entre o povo português, contudo, os sucessivos êxitos da nossa selecção no passado recente abafaram os vultos da discórdia. Pela primeira vez desde que o ex-campeão mundial - e referiro-o propositamente - assumiu a selecção portuguesa, estão reunidas as condições para o porem a andar.

Com o apuramento para o Europeu em risco, como o culminar de opções estratégicas duvidosas, não só em períodos pré-competitivos (a selecção de alguns jogadores não utilizados nos seus clubes), como em momentos de competição (por exemplo, as substituições), eis que surge a "cereja no topo do bolo": uma tentativa de agressão a um jogador sérvio. Um autêntico escândalo, inclusivamente já se fala em irradiação do futebol, o que na minha humilde opinião é um abuso. Certamente que será castigado, mas só quem participa ou participou em jogos oficiais de futebol, independentemente do nível competitivo, sabe que, por vezes, é muito difícil manter o controlo emocional. Não é um escândalo, é a natureza humana, por demais susceptível quando se está sob (intensa) pressão, como foi o caso do Scolari.

Não duvido das suas competências como treinador, até porque foi campeão mundial e não é qualquer um que o é, mesmo dispondo dos melhores jogadores do mundo no grupo de trabalho.

Não creio que ele continue à frente da selecção depois deste rol de acontecimentos, embora ainda acredite convictamente no apuramento da selecção portuguesa para o Euro 2008. Pelo que fez por Portugal, a deixar o cargo será uma despedida bastante imerecida para Scolari.

08/09/2007

O Psicanalista

Do escritor americano John Katzenbach.
O enredo é caracteristicamente um thriller, denso em atmosferas, "em parte um registo freudiano do inferno."

Dr. Frederick Starks (Ricky), psicanalista nova-iorquino, recebe no dia do seu 53º aniversário uma carta ameaçadora: "Seja bem-vindo ao primeiro dia da sua morte". O autor da carta - Rumplestiltskin - cedo dá a entender que o jogo é real, dando três hipóteses a Ricky: se este descobrir, em quinze dias, a identidade do malfeitor, algures enterrada no passado do psicanalista, ninguém morre; se não o fizer, será assassinado um parente seu, a menos que Ricky se suicide.

Uma busca incessante pela identidade de Rumplestiltskin, num campo de batalha minado por regras e acontecimentos difíceis de contornar. Ricky é levado a um suicídio que não o é na realidade, revertendo os papéis no jogo: de perseguido para perseguidor, porque: "um homem sem passado, pode escrever o futuro que quiser"... até à vingança.

Quatrocentas e oitenta e oito páginas de leitura absorvente. Tendo em consideração que nunca tinha ouvido falar do autor, decerto que não me esquecerei do seu nome. Excelente!

04/09/2007

Não é defeito, é feitio!

No fim-de-semana que passou consegui exceder as minhas melhores expectativas e segui, não dois nem três jogos de futebol, mas cinco (!). Não costumo ter paciência para tanto, talvez seja pecúlio do início da época.

Das cinco transmissões televisivas, acompanhei três jogos da Premier League (Liverpool - Derby County; Manchester United - Sunderland; Aston Villa - Chelsea) e dois jogos da Bwin Liga (Sporting - Belenenses; Nacional - Benfica).

Não é novidade nenhuma que existem diferenças marcantes entre as nossas equipas e as que são provenientes de Inglaterra. Banalmente, somos confrontados com a expressão "diferentes estilos de futebol", o que quer que isso signifique. Tal não deriva das regras, porque são as mesmas, mas sim da interpretação das regras e aí, confesso, irrita-me ver um jogo de futebol da nossa Liga, após ter acompanhado um ou mais encontros da Premier League. Apita-se por tudo e por nada.

Senão vejamos as estatísticas, em termos de faltas, dos cinco jogos:

Liverpool 14 - 10 Derby County (Total = 24 faltas);

Manchester United 10 - 7 Sunderland (Total = 17 faltas);

Aston Villa 11 - 17 Chelsea (Total = 28 faltas);

Sporting 19 - 17 Belenenses (total = 36 faltas);

Nacional 14 - 16 Benfica (Total = 30 faltas).

Em qualquer um dos jogos da Premier League foram cometidas menos faltas que nos jogos da Bwin Liga, e esse parâmetro traduz, de certo modo, a qualidade do jogo (menos "tempos mortos" e, consequentemente, um ritmo de jogo mais elevado).

No meio disto tudo, quem são os culpados? Árbitros, jogadores, dirigentes ou adeptos? Distribui-se o mal pelas aldeias. Não há profissionalização na arbitragem como em Inglaterra; decisões menos correctas são objecto de polémica imediata, muitas vezes desencadeadas por dirigentes incompetentes para encobrir os seus erros de gestão; os próprios jogadores fazem questão, perante pequenos toques, de se atirarem para o chão; etc... Somos todos culpados, pelo que também deveríamos ser "culpados" por tomar medidas para evitar esta questão podre do nosso futebol e do nosso desporto.

Árbtiros profissionais precisam-se, assim como de agentes desportivos capazes de lidar seriamente com este fenómeno que movimenta milhões de pessoas no nosso país.

Sejamos coerentes!

27/08/2007

Um atalho trágico...

Não era suposto, mas tem acontecido com mais frequência.

Marc-Vivian Foe (28 anos - 2003), Miklós Féher (24 anos - 2004) e agora Antonio Puerta (22 anos, ainda em estado crítico) são os exemplos mais recentes e mediáticos da fragilidade do ser humano. Situações altamente contraditórias que merecem o nosso constragimento e a nossa reflexão, até porque pode acontecer connosco, ou com algum familiar ou amigo.

Como pode tal fatalidade acontecer a jovens desportistas altamente treinados e com acompanhamento médico permanente e específico?

A complexidade do organismo humano é tão acentuada que certos problemas são indetectáveis, mesmo perante os exames considerados como os mais avançados na actualidade. Por outro lado, as exigências desportivas levam progressivamente o ser humano aos limites das suas capacidades, aumentando as probabilidades deste claudicar face a anomalias morfológicas e/ou funcionais do organismo.

Mais grave parece ser o panorama do Futebol amador, que engloba milhares de praticantes só em Portugal e muitos milhões no planeta. Os exames médico-desportivos efectuados, baseados no histórico familiar, na auscultação e no ECG (Electrocardiograma) para determinar problemas cardiovasculares (cardiopatias), é insuficiente. Um ECG fornece-nos o registo da actividade eléctrica do coração em repouso. Ora, como devem imaginar, quando praticamos actividade física, seja ela qual for, o nosso coração tem um funcionamento diferente de quando estamos em repouso, portanto, falamos de um exame que não é específico e não nos põe a par de todas as cardiopatias que um jogador/atleta pode padecer.

Agora penso: Se um puto meu desmaia num treino ou num jogo, seria um dos que teria sido dado como APTO no início da época. Fico apreensivo. E os restantes milhões por esse mundo fora que nem os exames mais básicos fazem?

Força Puerta, torço por ti!

Um triplo salto para o Ouro.

Nélson Évora, o homem de momento! 17,74 metros foi a marca (record pessoal e nacional) do novo campeão mundial, arrasando os adversários de peso que se apresentaram em Osaka.

Magnífico!

Vamos lá ver se os directores dos diários desportivos portugueses lhe dão o destaque que merece.