04/09/2010

Triste sina das Selecções Nacionais

Ontem, dia 3 de Setembro de 2010, foi um dia macabro para as equipas nacionais Sub-21 e "A" de Portugal. Na sequência da embrulhada que envolve Carlos Queiroz, a selecção Sub-21 falhou redondamente o apuramento para o Europeu da categoria no próximo ano. Não só é um facto grave, como assistir ao jogo se transformou numa "aflição" praticamente sem precedentes.

Durante o encontro, dei por mim a indagar o que se treina com os jovens Sub-21. Sim, porque não parece existir nenhum modelo de jogo ou, pelo menos, simples indicações que traduzam um estilo de jogo consentâneo com as características dos jogadores. Abusou-se do jogo directo, o que, claramente, favoreceu a missão do processo defensivo inglês. A dinâmica do processo ofensivo foi extremamente limitada para uma formação que tinha a obrigatoriedade de ganhar, ainda para mais a jogar no seu país. A distância entre os jogadores era enorme e assim é impossível jogar rápido e de forma apoiada. Alarma-me que ninguém da equipa técnica tenha procurado corrigir esse aspecto. As opções iniciais também não foram as melhores e o Oceano demorou a mexer na equipa, mesmo vendo-se a perder desde cedo. Não será o cargo de seleccionador nacional, inclusivamente nas camadas ditas jovens, uma função que deve ser atribuída a treinadores competentes nessa matéria, mas que já possuam provas dadas no futebol português? Sim, respondo. Então, porque é que o Oceano inicia a sua carreira de treinador logo como seleccionador Sub-21? Não havia outras opções de maior qualidade?

No que diz respeito à equipa "A", o empate (4-4) diante do Chipre foi mítico. Agostinho Oliveira refere na comunicação social que a "produção atacante foi extraordinária", ainda assim a nossa selecção cometeu um feito assinalável: empatar com os cipriotas. Não nos podemos queixar apenas dos erros defensivos, pois ofensivamente falhámos imenso. Com o resultado em 4-3 tivemos três/quatro oportunidades magníficas para "matar" o jogo. Não o fizemos e pagámos caro.

Na minha perspectiva, a inclusão de Miguel no onze não se justifica, pois é um jogador que já não tem a capacidade física de outrora, erra demasiado no passe e não cria qualquer desequilíbrio no sector ofensivo. Ontem, esteve associado a três dos quatro golos cipriotas, devido a evidentes desatenções na ocupação do espaço e/ou no acompanhamento a jogadores adversários. No primeiro golo cripriota, não recuperou defensivamente e deixou o autor do golo progredir pelo seu corredor até realizar o "chapéu" ao Eduardo. No terceiro, permitiu que o avançado oponente efectuasse a diagonal pelas suas costas até finalizar na cara do guarda-redes português. No último golo, coloca em posição regular os dois jogadores cipriotas que procuraram a recarga ao primeiro remate. Enfim, é muita responsabilidade para um jogo só. Quando se pretende renovar a selecção e há Sílvio no banco de suplentes, não compreendo porque não se aposta no jovem do Sporting Clube de Braga.

O drama das substituições voltou a ser evidente. Tirar o Manuel Fernandes, o melhor centro-campista português durante o jogo, e deixar o Raúl Meireles em campo foi um erro crasso. O Raúl estava, literalmente, a arrastar-se na partida e Manuel Fernandes era dos poucos que objectivava manter a posse de bola e partir para transições ofensivas controladas. Ao retirar-se Manuel Fernandes do jogo perdeu-se clarividência na construção do processo ofensivo. Por sua vez, a entrada de Yannick Djaló para render Hugo Almeida também não me pareceu acertado. Naquele período do jogo, em que um golo adversário se torna complicado contornar, é lógico reforçar o meio-campo e controlar a posse de bola. Em vez disso, Agostinho Oliveira colocou Yannick Djaló na frente, forçando a a equipa a adoptar um estilo de jogo mais vertical. Não só não criámos mais situações de finalização, como as consequências finais foram altamente nefastas.

Muito mais há para reflectir, até porque não há tranquilidade no seio da equipa. Por muito que pretendamos colocar os jogadores à margem do "caso Queiroz" há legados que persistem e que o processo de renovação não resolveu. O próximo jogo na Noruega é fundamental para retribuir confiança ao grupo ou, ao invés, remeter-nos para mais contas logo à partida. É imperioso que a equipa técnica tome as melhores opções e os jogadores encarem a partida com responsabilidade. Neste grupo H, Portugal tem a obrigação de não perder mais qualquer ponto.

Força, Portugal!

30/08/2010

Tiques de arrogância de André Villas-Boas...

Subscrevo na íntegra o texto de Alexandre Pais, na sua rubrica "Quinta do Careca", do passado dia 29 de Agosto de 2010 no diário desportivo "Record". As palavras do autor aqui.

Por tudo o que Raúl Meireles fez pelo FC Porto e pela Selecção Nacional, enquanto jogador da instituição, não merecia ouvir tais palavras do actual líder da equipa técnica portista. Não é de bom tom!

26/08/2010

Os Problemas de Jesus

O Sport Lisboa e Benfica (SLB) não começou a época 2010/2011 da melhor forma. Três derrotas em outros tantos jogos oficiais fizeram soar o alarme no seio do campeão nacional. Para muitos, o problema da equipa reside, fundamentalmente, na contratação do guarda-redes Roberto, o que, em boa verdade se diga, não é mais do que "tapar o Sol com uma peneira".

Em primeiro lugar, parece-me evidente que as novas rotinas do SLB ainda não funcionam a 100%. As saídas de Di Maria e de Ramires mexeram, impreterivelmente, com a dinâmica da formação encarnada. Os jogadores contratados (Gaitán, Jara ou Salvio) não possuem as mesmas características dos que sairam e isto, por si só, obriga a pequenas oscilações no modelo de jogo pretentido por Jorge Jesus. Este facto, aliado ao reduzido nível de forma desportiva denunciado por alguns jogadores habitualmente titulares (e.g., Luisão, Maxi e, em especial, Cardozo), justificam as prestações realizadas pelo SLB neste início de época.

Por sua vez, Jorge Jesus não foi feliz na aposta que fez em Roberto. Desde o primeiro jogo da pré-época que nunca consegui perceber o avultado investimento que foi feito no jogador. Não é que não tenha qualidades, porém não me parece que possua competência suficiente para justificar o valor pago pelo SLB. Um erro de casting? Muito provavelmente!

Depois, há a questão da gestão do plantel. Jorge Jesus sabe melhor do que ninguém que num plantel não existe somente um jogador por posição. No alto rendimento, o erro pode custar uma liga, uma taça e, inclusivamente, comprometer o encaixe de milhões de euros e, como tal, convém ter todos os elementos psicologicamente preparados para desempenhos de excelência. Este momento é fulcral para tirar partido de Moreira ou de Júlio César. É urgente demonstrar e reforçar a confiança nestes jogadores, mantendo os meus critérios de selecção/exclusão em cima da mesa. Na época passada, recordo-me das palavras menos agradáveis de Jesus direccionadas a Quim quando, numa situação raríssima, o guarda-redes falhou. Ao invés, nesta época, Roberto tem sido amplamente defendido pelo treinador e já custou mais pontos ao clube em três jogos do que Quim na época transacta inteira. Dualidade de critérios? Assim o sugere.

É importante que os jogadores e a equipa técnica não se deixem "embandeirar em arco" pelos feitos alcançados anteriormente. O FC Porto e o SC Braga estão mais fortes e o Sporting CP para lá caminha; a margem para mais erros é reduzida. As experiências e a remodelação do plantel já deviam estar resolvidas, porque o período preparatório encerrou. A gestão das entradas e das saídas atrasou o desenvolvimento da dinâmica da equipa de tal modo que o SLB apresenta uma diferença pontual considerável para o mais directo adversário.

Acredito que os bons resultados vão aparecer contra o Vitória de Setúbal (3ª jornada), no entanto, devemos estar cientes de que a procissão está na rua e o SLB ainda está no altar.

24/08/2010

O "caso Queiroz"

O "caso Queiroz" dispensa apresentações. Deu suspensão para um mês e novo processo disciplinar baseado das declarações do ainda seleccionador nacional ao jornal "O Expresso".

A minha dedução é que, após o Mundial 2010 na África do Sul, se conjecturaram esforços no seio da Federação Portuguesa de Futebol (F.P.F.) para "correr" com o homem de lá para fora. Como qualquer apreciador de bom futebol, a prestação portuguesa também me deixou um grande amargo de boca, porém, se avaliarmos os factos friamente e, tendo em consideração a história nacional em competições internacionais, ser eliminados nos oitavos-de-final pela actual Espanha não é nenhum escândalo.

O que vem a seguir a isso é bem pior do que qualquer convocatória que conte com jogadores como o Ricardo Costa ou o Zé Castro. Parece-me bem evidente que a actuação dos dirigentes da F.P.F. é de um amadorismo extremo e que, de momento, defende tudo menos a estabilidade que a Selecção Nacional necessita para realizar uma boa fase de apuramento para o Europeu de 2012.

Em última instância, quem sai a perder com esta trapalhada toda é o grupo de jogadores que, quer queiramos ou não, vai representar o nosso país em nova campanha internacional. Enquanto tivermos pessoas a lutar por "sacudir-a-água-do-capote-quando-as-coisas-correm-menos-bem", nunca teremos uma Selecção à altura das nossas ambições.

Reforma na F.P.F. precisa-se!

01/08/2010

Power Balance

Parece que é moda utilizar uma pulseira, designada Power Balance, que ajuda a melhorar o rendimento desportivo e o bem-estar físico e psicológico. Tentei perceber o significado científico da coisa e, regra geral, somente encontrei impressões altamente subjectivas como "melhora o equilíbrio e a confiança", "as pessoas conseguem dormir melhor" ou "promove o aumento da flexibilidade".


Numa pesquisa mais aprofundada, confirmei o meu raciocínio sobre o adereço, pois as investigações científicas realizadas, a mais recente em Maio pelo Instituto Politécnico de Madrid, revelaram que os efeitos da pulseira não foram significativos ao nível do equilíbrio do corpo. Na perspectiva de Frederico Varandas, especialista em Medicina Desportiva, estas pulseiras são como as do reumático (Tucson), não constituindo uma forma de doping precisamente porque manifestam falhas nos fundamentos científicos que a suportam.

Ainda assim, é indiscutível o efeito psicológico - efeito placebo - que podem apresentar na realização de algumas actividades físicas, desportivas e quotidianas. Portanto, não há evidências que confirmem que os 38 Euros que pedem pela pulseira traduzam, inequivocamente, um bem adquirido.

Receitas simples para problemas complexos merecem sempre que nós desconfiemos dos resultados miraculosamente anunciados.